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domingo, 1 de abril de 2018

A Paixão de Cristo em Timbaúba dos Batistas

Jesus fica puto com as chibatadas e avança contra o centurião
Este fato ocorreu no interior do Rio Grande do Norte, precisamente na pacata Timbaúba dos Batistas, a Capital Mundial do Bordado.
Era Semana Santa, no começo da década de 1970, e a cidade recebia um circo para alegrar a vida das pessoas do lugar.
Para o Domingo de Páscoa, e sabendo que a comunidade local era muito religiosa, quase 100% católica, o proprietário do circo resolveu encenar a Paixão de Cristo, mostrando todas as estações e o sofrimento do Filho de Deus para salvar a humanidade. 
Para prestigiar Timbaúba dos Batistas e dar mais peso ao espetáculo, o dono do circo convidou os moradores locais para representar os personagens da Paixão.
O papel de Jesus Cristo foi reservado para o cara considerado o mais gato da cidade, na época Válber Torres, Torrão, hoje funcionário aposentado do Banco do Brasil. 
Os ensaios iam de vento em popa quando, às vésperas da estreia, o dono do circo soube que Jesus estava comendo a sua mulher, que, por sinal, fazia o papel de Maria Madalena.
Furioso, o corno deu-se conta que não podia fazer escândalo, pois iria perder todo o investimento que fizera para montar o espetáculo. 
Pensou, pensou... E resolveu que iria participar da encenação, fazendo o papel do centurião.
- Mas como? - reclamaram os atores, inclusive Jesus - Você nem ensaiou!
- Não é preciso ensaiar, porque o centurião não tem nenhuma fala!
Mesmo sem gostar, o elenco teve que aceitar, afinal, ele era o dono da companhia circense.
Chegou o grande dia e a cidade em peso compareceu. 
No momento mais solene, a plateia sensibilizada e em profundo silêncio, vê Jesus carregando a cruz... quando o centurião começa a dar-lhe umas chibatadas de verdade!!!
- Êpa, caba, tá machucando! - reclamou Torrão/Jesus, em voz baixa, puto porque também o dono do circo mandou fazer uma coroa de espinhos real, com cardeiro e urtiga.
- É para dar mais veracidade à cena! - disse o centurião. 
E tome chibatada: lepo, lepo, lepo... O chicote comia solto no espinhaço do infeliz. 
Até que Jesus/Torrão, que já reclamara bastante, ficou puto, largou a cruz no chão, pegou a primeira peixeira que viu nas mãos de um espectador e partiu para cima do centurião:
- Vem, fela da puta! Vem cá que eu vou lhe ensinar a não bater num indefeso!
O centurião correndo, Jesus com a peixeira correndo atrás, e a plateia em delírio gritando:
- É isso aí! Fura ele, Jesus! Mostra pra ele que aqui não é Jerusalém, não: aqui é Timbaúba dos Batistas!!!

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