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terça-feira, 17 de outubro de 2017

O prazer do Harry Grochau

Ivar Hartmann

O Harry faleceu há poucos dias. Dentista realizado, pai e marido realizado. Materialmente tranquilo. Ou seja, aquelas aspirações mais elevadas de todos nós. Não quero escrever sobre ele para dizer como conquistou isso, até porque não sei. E são tantos milhões de casos iguais que não mereceria uma crônica nem do mais desvalido dos escribas. Mas, há muitas décadas, o Harry resolveu trilhar um caminho árduo, igual aos das formigas em sua labuta diária e que terão pouco reconhecimento não obstante o trabalho que desenvolvem para sua comunidade. O Harry resolveu fazer a árvore genealógica da sua família Hartmann. Um irmão meu tentou: ficou na quarta folha de caderno. Outros parentes, pelas mensagens que recebo periodicamente também o tentam. Ficam nisso: tentativas. Buscar dados de pessoas é tarefa ingrata. Nem lembrar que uma família é um ente volátil: nascimentos, casamentos, mortes, divórcios, fazem mudanças importantes não só no lar de um, mas no contexto de quem busca a integralidade possível. E a busca: cartórios, igrejas, bispados, listas telefônicas, viagens, conversas, encontros, é um mundo sem fim. Daquelas tarefas que nunca terminam. Como auxiliar as entidades que atendem os carentes. Agora, mesmo não chegando ao impossível fim, há um momento em que se cruza a linha a partir da qual a tarefa pode ser considerada um sucesso. Quando sentimos que as horas dedicadas ao trabalho, apresentam resultados palpáveis.
Por casualidade, para achar dados dobre o trabalho do Harry e da Família Hartmann, fui ao Google e encontrei, na primeira chamada, exatamente uma manifestação dele de 2007. Dez anos, portanto. Vejam: “Nosso ramo da Família Hartmann chegou ao Brasil em 15/11/1846 com Mathias Hartmann, viúvo e seus seis filhos. Minha pesquisa teve grande auxilio de muitos parentes que estão pelas Américas, China, África e Austrália. São 9.806 sobrenomes diferentes e 29.937 casamentos. Temos um bom acervo de fotografias.” E concluía pedindo a apoio de todos para aumentar as pesquisas, corrigir falhas e auxiliar os interessados em conhecer seus antepassados. Em uma das vezes que falei com ele, depois disso, ele estava comemorando ter passado do número de cem mil pessoas catalogadas, descendentes daqueles imigrantes de l846.  Isso é um trabalhão para uma vida. Mas várias vidas viveu o Harry em suas buscas. Exemplo de pesquisador abnegado.
ivar4hartmann@gmail.com

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