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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A Festa que ele ajudou a modelar



Nos últimos dias do mês de julho de 2017 a imprensa seridoense noticiou a alegria da Festa de Sant'Ana de Caicó e a luta pela saúde do Monsenhor Antenor Salvino de Araújo, em Natal, diante da síndrome neurológica Guillain-Barré. Desde de 1960, pelo menos, foi o primeiro julho que Monsenhor Antenor passou fora de Caicó e dos festejos de Sant'Ana. 
Foi transferido para internação na UTI do Hospital São Lucas, em Natal, no dia 18 de julho, antes da Festa. Alcançou a primeira grande vitória contra a doença no momento em que saiu da UTI no dia 26 de julho, dia dedicado a Ana e Joaquim, avós de Jesus Cristo, reverenciados como santos pela Igreja Católica. 
No dia seguinte ao encerramento da Festa, depois de assistido por excelente equipe médica – tanto no interior, quanto na capital – voltou para a Vila Branca do Penedo, sua residência há décadas em Caicó, onde iniciou a terceira etapa do tratamento. Está vencendo!
Foram, durante o período internado, inúmeras as manifestações de apoio, solidariedade e atenção que Monsenhor Antenor recebeu. Em parte, pelo reconhecimento por tudo que ele liderou para que a Festa se tornasse a maior celebração do Brasil em torno de Sant'Ana. Para tanto, muitos anos, Monsenhor Antenor contou com a ajuda de um colegiado. O Conselho Paroquial era o seu maior suporte. 
Com a ajuda dos leigos, por exemplo, conseguiu realizar o “Jantar de Sant'Ana” que, depois, se tornou um evento comum a todas as Paróquias da Diocese de Caicó. O pioneirismo foi dele e de seus colaboradores. A visitação da imagem de Sant'Ana à zona rural também foi iniciada sob a coordenação dele. A ideia, de fato, foi de Hilda Araújo, sua irmã. 
Aliás, Hilda, aos 94 anos, partiu no último dia 23 de julho para o horizonte que a fé nos faz enxergar deixando um legado literário importante a sistematizar, além de inúmeras contribuições feitas a Caicó e a Paróquia de Sant'Ana. Com a ideia de Hilda, Monsenhor Antenor passou a visitar a zona rural em preparação a Festa, prática depois adotada por todas – ou quase todas – Paróquias do Seridó.
Monsenhor Antenor Salvino de Araújo, sinônimo de Festa de Sant'Ana
Em relação a Feirinha, evento que já vinha da época do Padre Ônio Caldas do Amorim (1928-2014) à frente da Paróquia, uma nova dimensão começou a ser buscada no paroquiato de Monsenhor Antenor que, para a nova meta, contou com a efetiva participação de Dilma Medeiros Josué e outras mulheres por ela convocadas. Depois, chegaram os clubes de serviço e, adiante, uma nova organização que, aos poucos, tornou a Feirinha o maior evento da Festa. 
Mas, o registro do início é devido, tanto em relação ao Padre Ônio, quanto ao Monsenhor Antenor e a Dilma, grande dama do Caicó de todos nós, mulher firme, solidária, já falecida, para a qual devem ser dirigidas especiais homenagens.
Enfim, a Festa de Sant'Ana foi sendo construída por Monsenhor Antenor para ser, de fato, modelo, tanto pela beleza das celebrações, notadamente as novenas por ele conduzidas, quanto pelos eventos sociais, cuja renda – antes da Pastoral do Dízimo – era quem sustentava a Paróquia de Sant´Ana durante 12 meses. Neste sentido, o estimado Padre Gleiber Dantas de Melo, grande pesquisador, escritor e poeta, cuja formação se deu também nos bancos da Catedral de Sant'Ana, rascunhou, anos atrás, uma síntese da biografia do Monsenhor Antenor e menciona algo devido para a análise de hoje: “é de se notar que ele nunca tenha se ostentado por ter feito a Festa de Sant'Ana desdobrar-se até chegar ao estrondo que é, como ele mesmo chama, hoje sendo anualmente ampliada pelas novas equipes pastorais da Catedral. Depois que entregou ao seu sucessor, Pe. Edson Medeiros de Araújo, outro descendente do Piató, o cuidado pastoral da Paróquia de Sant'Ana, continua apresentando o Programa ‘O Mundo Bíblico’, apresentado semanalmente na Rádio Rural de Caicó AM, para a qual ele foi a São Paulo angariar fundos para a sua fundação. São 46 anos de Rádio Rural, 46 anos do seu programa radiofônico. Isto, aliás, não é surpresa para um homem que tem a perseverança como sua marca!”
Em síntese, Julho terminou e com ele se foi o clima da Festa modelada a cada ano, cuja feição atual tem muito ainda de Monsenhor Antenor. O ambiente do mês de julho, do primeiro ao último dia, é diferente. Até a temperatura ajuda. Pelos olhos da fé, tudo vem do Criador. Pela mistura da razão e emoção, com alicerce na mesma fé, Deus contou com ajudantes para espalhar sua palavra e vontade. Monsenhor Antenor, sem dúvidas, tem sido um dos mais destacados ao ter contribuído para modelar a festa dos avós – Ana e Joaquim – sem perder de vista o foco central no neto, Jesus, que, mesmo para muitos descrentes, é o maior de todos!
O ano que vem, a festa vai voltar. Todo ano tem! E como Padre Gleiber escreveu no hino do peregrino: “Quando chega a despedida, Se apertam corações: nos olhares a saudade, na lembrança emoções. Peregrino, a Catedral por ti sempre vai rezar. A Sant'Ana tu prometas: Para o ano hei de voltar!" Monsenhor Antenor, que no próximo 22 de agosto de 2017 celebrará 88 anos, com a permissão de Deus, estará lá!

Fernando Antonio Bezerra é potiguar do Seridó e escreve às segundas-feiras.

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